Nos últimos anos, o aumento de fretes marítimos Brasil-China tem se tornado uma preocupação crescente para as empresas que dependem do comércio internacional. Este aumento significativo nos custos de transporte pode ser atribuído a uma série de fatores, incluindo a pandemia de COVID-19, a escassez de contêineres, a alta demanda por produtos e as interrupções nas cadeias de suprimentos globais, tudo com sérias implicações para o setor empresarial.
Causas do Aumento de Fretes Marítimos Brasil-China
O aumento de fretes marítimos Brasil-China pode ser atribuído a diversos fatores interligados que, juntos, criam um cenário desafiador para o comércio global, como vemos a seguir:
• Pandemia de COVID-19
É de conhecimento geral que a pandemia de COVID-19 teve um impacto profundo no comércio internacional, interrompendo as cadeias de suprimentos e causando uma desaceleração econômica global. As medidas de lockdown e restrições de viagem aplicadas na época, afetaram significativamente a capacidade de movimentação de mercadorias. Bem como as políticas de quarentena e os protocolos de segurança nos portos que resultaram em atrasos significativos nas operações de carga e descarga, aumentando os tempos de trânsito e, consequentemente, os custos. Mesmo com o fim da pandemia, o cenário global ainda sente resquícios do período enquanto se recupera comercialmente de seus efeitos.
• Escassez de Contêineres
Outro fator crucial que contribui para o aumento de fretes marítimos Brasil-China é a escassez de contêineres. Por conta da crise no Mar Vermelho muitos navios foram obrigados a desviarem suas rotas pelo Cabo da Boa Esperança. O resultado disso foram viagens mais longas e congestionamento nos portos africanos. Com isso, os contêineres ficaram presos nessas filas em portos fora de sua rota usual, criando um desequilíbrio na distribuição global desses equipamentos. A escassez de contêineres disponíveis para carregar mercadorias, já que muitos não retornaram em tempo hábil para a China, aumentou a competição por esses recursos, levando a um aumento acentuado nos custos de transporte.
• Alta Demanda por Produtos
Com a recuperação econômica em alguns países e o aumento da demanda por produtos, eletrônicos, químicos e bens de consumo, pressionaram ainda mais a capacidade das linhas de transporte marítimo. A alta demanda por espaço em navios porta-contêineres resultou em aumentos nas tarifas de frete, especialmente em rotas de longa distância, como a Brasil-China. Além disso, o fato de Brasil e México planejarem aumentar as tarifas sobre veículos elétricos chineses, levou os fabricantes a anteciparem o envio de grandes quantidades de carros antes que essas tarifas sofram alteração. Esse movimento acabou por sobrecarregar os recursos de transporte marítimo e aumentar os fretes.
• Instabilidade Geopolítica
A instabilidade geopolítica também tem contribuído para o aumento de fretes marítimos Brasil-China. As guerras em curso no mundo, somadas às dificuldades nos transbordos na Europa, tem tornado os cronogramas de chegada incertos, afetando a logística e aumentando ainda mais os custos. Outro fator político importante que afeta a questão, são as eleições nos EUA, que reivindica tarifas futuras de 50-60% a mais sobre produtos chineses. Esse cenário, como era de se esperar, fez com que empresas chinesas ampliassem seus investimentos na América do Sul e os importadores fizessem o citado movimento de antecipação de estoque, que provocou o pico na demanda logística.
Custos de Frete e Capacidade dos Navios
De acordo com a Drewry, uma empresa de consultoria marítima, o índice de frete para um contêiner de 40 pés na rota China-Brasil aumentou drasticamente, chegando a ultrapassar os US$ 10.000 em 2021, comparado aos cerca de US$ 2.000 no início de 2020. Esse aumento representa um salto de 400% em menos de dois anos, afetando diretamente os custos operacionais das empresas que dependem desse transporte.
Com relação à capacidade dos navios porta-contêineres, isso também tem sido um desafio. Muitas empresas de transporte marítimo relataram já estarem operando com 100% de ocupação, o que significa que qualquer mínimo aumento na demanda resulta em uma escassez imediata de espaço disponível.
• Impacto nos Preços dos Produtos
O aumento de fretes marítimos Brasil-China também impacta os preços dos produtos no mercado final. Com os custos de transporte aumentando drasticamente, muitas empresas são forçadas a repassar esses custos para os consumidores, resultando em preços mais altos para uma ampla gama de produtos e matérias-primas dos mais variados setores.
Estratégias para Mitigar os Efeitos do Aumento de Fretes
Para lidar com o aumento de fretes marítimos Brasil-China, muitas empresas estão adotando estratégias para mitigar seus efeitos negativos, como o planejamento e a gestão de estoques para garantir que os produtos estejam disponíveis quando necessário, sem depender excessivamente de envios urgentes, que tendem a ser mais caros. Essa estratégia tem se mostrado bem útil na suavização dos impactos dos altos custos de frete.
Outros caminhos adotados têm sido as parcerias com transportadoras e a diversificação de fornecedores. Estabelecer parcerias sólidas com transportadoras pode proporcionar às empresas melhores condições de negociação e acesso prioritário a contêineres e espaço em navios. Por outro lado, diversificar a base de fornecedores para incluir opções localizadas em diferentes regiões geográficas pode reduzir a dependência das rotas mais caras e congestionadas, como a Brasil-China. Isso pode ajudar a mitigar os riscos associados a aumentos repentinos de custos de frete. Essas relações estratégicas podem ser fundamentais para garantir a continuidade do fluxo de mercadorias. O aumento de fretes marítimos Brasil-China é um desafio há muito real, que exige atenção e adaptação por parte das empresas envolvidas no comércio internacional. Uma combinação de estratégias bem planejadas, pode ser a responsável por minimizar os impactos negativos e garantir a contínua operação das empresas, de maneira eficiente, mesmo diante de tantos empecilhos significativos.